terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

PARECE QUE EXISTEM DESPERDÍCIOS EM ONCOLOGIA…


No decorrer da última reunião da sociedade portuguesa de oncologia foi divulgada uma carta de princípios em que se alude para a falta de recursos na área, mas também a alguns desperdícios.

Que existem falta de recursos na saúde parece não ser novidade, se bem que na minha opinião eles existem, estão é bastante mal aproveitados, e dou alguns exemplos. De que vale existirem centenas de enfermeiros desempregados, se os Hospitais preferem pagar horas extraordinárias ou pagar em tempo, horas que os funcionários façam a mais? Existem Hospitais que devem mais de 200 horas aos seus funcionários, horas essas que deveriam ser pagas, mas que vão ser descontadas em tempo, só não se sabe é quando. E temos outros que pagam centenas de euros em horas extraordinárias. Não seria mais fácil empregar alguns dos enfermeiros desempregados?

Outro exemplo que posso dar é o de Hospitais que até têm vários ecógrafos e mais do que um aparelho de TAC, mas cujos aparelhos só funcionam meia dúzia de horas por dia. De que vale ter os aparelhos se eles estão subaproveitados? De nada, porque se precisarmos de uma ecografia num desses Hospitais esperamos no mínimo cerca de 2 a 3 meses, excepto se for urgente, mas se às 15 horas formos às salas dos aparelhos verificamos que não se encontra lá ninguém. Porque é que isso acontece? Nalguns casos que certamente será por falta de pessoal? Mas se calhar noutros será porque os funcionários estão noutros locais onde são mais bem pagos e como tal abandonam o seu local de trabalho um bocadito mais cedo. Não há nenhum controlo nestas situações e para as instituições é mais fácil dar a ganhar aos privados enviando os seus doentes para lá, do quer efectuarem os exames nos seus próprios aparelhos.

Eu fico um pouco espantado com as declarações que foram proferidas, sobretudo vindas dos principais gastadores. É que se há desperdícios as fontes estão bem identificadas. Obviamente que os que mais desperdiçam são aqueles que implementam os tratamentos, mesmo quando sabem que já não há nada a fazer, mesmo quando o doente está em fase terminal, mesmo quando o doente morre durante um tratamento de quimioterapia de milhares de euros, mesmo quando não sabem bem aquilo que estão a fazer e se recusam a pedir ajuda a especialistas. Será que eu estou errado? Não me parece e concordo perfeitamente que existem muitos gastos desnecessários, agora o que se deve fazer é educar as pessoas para não desperdiçarem, estabelecendo limites aos gastos, estabelecendo prioridades e metas de tratamento que devem ser cumpridas, diminuindo o número de dias de internamento, optimizando os recursos existentes, que não sendo os desejados são os suficientes, desde que bem utilizados.

Este é um assunto muito complicado e de difícil resolução, mas não tenho dúvidas de que muitos dos gastos poderiam ser evitados se as pessoas trabalhassem todas com os mesmos objectivos e com os mesmos princípios. Essa carta de princípios é muito bem-vinda, mas as pessoas que proferiram a referida carta têm de ser os primeiros a dar o exemplo, pois eu presumo que eles têm a noção de que são os principais gastadores e se não houver um compromisso de racionalização da sua parte os problemas não se resolvem.

A oncologia é uma área muito complicada. Os tratamentos são todos muito caros e o que se tenta é resolver a situação do doente, não olhando a gastos. Concordo perfeitamente com isso, mas não podemos ter dois pesos e duas medidas, devemos ter sempre a mesma actuação e independentemente do doente ele deverá ter sempre acesso ao melhor tratamento, sem preocupação de gastos e com o mínimo tempo de espera. O problema é que muitas vezes já se gastaram todas as verbas desnecessariamente, o que pode comprometer a capacidade de resposta. Vamos todos pensar nisso e no nosso dia-a-dia vamos tentar reduzir os gastos em pequenas coisas, que somadas dão muitos milhares de euros que podem ser aplicados nos mais variados tratamentos. As palavras sem dúvida que são OPTMIZAR e RACIONALIZAR os recursos existentes, e nesse aspecto estou plenamente de acordo com a constituição de equipas pluridisciplinares e que os doentes sejam tratados do inicio ao fim no mesmo local. O que espero é que exista disponibilidade para isso e que isto não se transforme numa pequena guerra entre oncologistas e os restantes especialistas que intervêm no tratamento do cancro.

http://www.sponcologia.pt/index.php?lop=conteudo
http://www.tribunamedicapress.pt/rss/15568-carta-de-principios-de-coimbra-apresenta-realidade-oncologica
http://sic.aeiou.pt/online/noticias/vida/Portugal+nao+esta+preparado+para+um+aumento+de+doentes+oncologicos.htm
http://cdsnoparlamento.pp.parlamento.pt/index.php?idmenu=4&lg=1&idn=499
http://static.publico.clix.pt/pesoemedida/noticia.aspx?id=1364365&idCanal=91

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