quarta-feira, 17 de setembro de 2008

SERÁ QUE ESTÁ A CHEGAR A VEZ DA AIG?


Parece que o fantasma das falências não vai deixar os mercados mundiais. Depois do Lehman Brothers surgem notícias que dão a situação na AIG (American International Group), a maior seguradora do mundo, como bastante complicado e que só poderá ser salva se houver uma injecção de capital na ordem dos 80 biliões de dólares. A sociedade americana parece interessada em salvar a companhia e a Reserva Federal poderá emprestar a quantia pretendida. É que uma falência desta companhia poderia ter repercussões muito superiores à do Lehman Brothers dada a sua dispersão mundial e o número de clientes individuais abrangidos. Mas será que também não se poderia ter dado uma ajudinha ao Lehman Brothers? Eu penso que sim e com um pouco de boa vontade se calhar poderia ter-se evitado a sua falência como se procura agora fazer com a AIG.

A AIG é líder mundial em seguros e serviços financeiros, com uma presença em mais de 130 países incluindo Portugal, com cerca de 90 trabalhadores. Esta companhia serve clientes individuais, institucionais e comerciais, através de uma vasta rede de serviços de seguros, sobretudo na área vida e de serviços financeiros, como é o caso dos planos de poupança e reforma. A empresa está principalmente cotada na bolsa de Nova Iorque, mas também em Tóquio e na Irlanda. Esta empresa tem a sua sede no American International Building em Nova Iorque, mas tem sedes regionais no Reino Unido, Paris e Hong Kong.

A empresa nasceu em 1919 em Xangai pelas mãos de Cornelius Vander Starr, que se tornou no primeiro ocidental a vender seguros aos chineses. Quando o seu negócio se tornou de sucesso ele expandiu-o para a América Latina, Europa e Médio Oriente. Em 1962 Starr entregou a liderança da empresa a uma das holdings de maior sucesso nos estados Unidos, a Maurice R. “Hank” Greenberg, que alterou o foco da empresa dos pequenos consumidores individuais para as grandes empresas. Greenberg em vez de agentes a venderem os seguros colocou empregados seus, que independentemente das vendas recebiam sempre o seu salário, é que com os agentes muitas vezes as margens de lucro eram muito pequenas porque eles baixavam os preços dos seguros para os conseguirem vender. Com empregados próprios isso não acontecia. Em 1968 Starr nomeia Greenberg como seu sucessor em 1969 a empresa entra na Bolsa. Em 2005 Martin Sullivan sucede a Greenberg, mas este fica por lá pouco tempo, já que em 2008 tem de ser substituído por Robert B. Willumstad, devido aos maus resultados desencadeados pela crise financeira.

A AIG é a maior seguradora mundial, mas para além dessa área e da área de serviços financeiros, ela detém interesses em diversas empresas de vários ramos de actividade, como é o caso: do leasing de aviões e dos produtos financeiros estruturados, corretagem, estudos de mercado e análise financeira. A empresa engloba a AIG Life, que é uma seguradora do ramo Vida sedeada em Houston no Texas; a AIG Direct que é especializada nos seguros automóveis ; a International Lease Finance Corporation (ILFC), que é a maior companhia mundial de leasing de aviões, com centenas de Airbus A319 e de Boeing 747 em seu poder; é uma das donas do aeroporto de Londres, conjuntamente com a GE e o Credit Suisse; telecomunicações através da Bulgarian Telecommunications Company (BTC); transportes com a compra da Ports of North America através da Dubai Ports World; turismo com o Stowe Mountain Resort; entre outras áreas de actividade. Tem uma participação de cerca de 10% na People’s Insurance Company of China (PICC) e na Ocean Finance do Reino Unido.

Como podemos ver a AIG tem um vasto império de participadas com um tremendo valor de mercado e engloba interesses um pouco por todo o mundo que passam pela China e pelo Leste Europeu. A empresa dá a trabalho a mais de 116000 pessoas, cerca de 5 vezes mais que a Lehman Brothers. Aparentemente a haver uma falência desta empresa o seu impacto será muito mais sentido por todo o mundo. Em Portugal o Instituto de Seguros de Portugal diz que os consumidores não têm motivos para se preocuparem, já que a empresa tem de ter capitais próprios no nosso país suficientes para cobrirem as apólices que detêm, mas jogando pelo seguro muitos portugueses acorreram ontem a sede da empresa em Lisboa para retirarem de lá as suas poupanças, nomeadamente os planos de poupança e reforma.

Vamos ver o que se vai passar nos próximos dias mas parece que pelo menos para já a AIG está salva pois parece que a Reserva federal Americana vai avançar com os fundos de que ele necessita. O problema é se daqui a um mês ou dois a situação volta a piorar e aí já não há ninguém que empreste o dinheiro. Os gestores da empresa têm de encetar um processo de recuperação imediato o que poderá a reestruturações profundas com o despedimento de alguns trabalhadores e à venda de alguns activos importantes geradores de liquidez.

http://www.aig.com/gateway/home/1-42-Portugal_index.html
http://www.aigeurope.com/aigweb/1,2268,11:8,00.html
http://www.aiglife.pt/
http://www.aigcorporate.com/
http://www.aigretirement.com/AIG-Retirement_82_8630.html
http://www.aigag.com/life/life.nsf/contents/index
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=331516
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=331466
http://www.jornaldigital.com/noticias.php?noticia=16369
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=331392
http://oglobo.globo.com/economia/mat/2008/09/17/fed_anuncia_emprestimo_de_us_85_bi_salvar_aig-548257502.asphttp://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL762605-9356,00-BUSH+APOIA+PLANO+PARA+SALVAR+AIG.html

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