terça-feira, 16 de setembro de 2008

LEHMAN BROTHERS CHEGA AO FIM


E com a queda deste grande gigante o mundo vive dias de incerteza com medo que situações idênticas venham a acontecer com outros colossos o que iria trazer o caos aos mercados mundiais. Não é que esta única situação não venha trazer problemas, porque vai dado o tamanho da instituição que acaba de falir e da carteira de investimentos por ela controlada. Como resposta ou não à falência o Banco do Japão respondeu com uma grande injecção de capital no mercado financeiro japonês, talvez como medida preventiva para eventuais problemas.

A Lehman Brothers Holdings Inc. foi fundada em 1850 e constitui um serviço global de soluções financeiras. A empresa detinha negócios nos investimentos bancários de equidade e de renda fixa, bem como comércio, investimento e gestão de capital privado e banca privada. O grupo inclui várias subsidiárias como a Neuberger Berman Inc., SIB Mortage Corporation, Lehman Brothers Bank, FSB, entre outras. A sua sede é em Nova Iorque, mas com sedes regionais em Londres e Tóquio, bem como filiais espelhadas um pouco por todo o mundo. Ontem a empresa entrou com o processo de falência por dividas de mais de 613 biliões de dólares e bens de aproximadamente 639 biliões de dólares, com bónus da divida na ordem dos 155 biliões de dólares. Até que os processos de falência sejam concluídos a empresa continua a existir.

Esta empresa foi fundada oficialmente em 1850 por Henry Lehman, Emanuel Lehman e Mayer Lehman. Na década de 50 o grande negócio da empresa teve por base o algodão, já que o armazém dos irmãos Lehman aceitava como pagamentos algodão, que depois acabava por transaccionar e assim nascia a verdadeira essência do grupo, a commodities-trading/brokerage. Entretanto o país conheceu algumas mudanças com a guerra civil, sendo que a empresa auxilia estados como o Alabama na sai reconstrução e em 1870 cria em Nova Iorque a “New York Cotton Exchange”. Nesta época a empresa diversificou os seus negócios para as ferrovias, obrigações financeiras e entrou na consultadoria. Em 1883 Lehman tornou-se membro do Cofee Exchange e finalmente da New York Stock Exchange em 1887. A partir de 1906 a Lehman ajuda várias empresas a progrediram em conjunto com outros como a Goldman Sachs & Co. Dessas empresas podemos destacar a FW Woolworth Company, a Gimbel Brothers Inc., a RH Macy & Company, a Studebaker Company, a BF Goodrich Co., entre outras.

A empresa foi crescendo resistindo à grande crise e centrou-se no capital de risco e em 1928 mudou-se para o famoso William Street local. Em 1927 a empresa recebe elementos fora da família como John M. Hancock, seguido por Paul Monroe C. Gutman e Mazur. Em 1930 ajudam a financiar a Radio Corporation of America, bem como empresas petrolíferas como a Halliburton e Kerr-McGee. Na década de 50 a Lehman entra para a Digital Equipment Corporation e mais tarde organizou a aquisição da Digital pela Compaq. Com a morte de Robert Lehman em 1969 a empresa sofre um duro golpe e em 1973 Peter Peterson CEO da Bell & Howell, chega à empresa para a salvar.

Sob a liderança de Peterson a empresa adquiriu a Abraham & Co, e mais tarde fundiu-se com a Kuhn Loeb & Co, que se transformou no quarto maior em investimentos bancários atrás do Salomon Brothers, Goldman Sachs e First Boston. Entretanto após alguns altos e baixos em 1984 ocorre uma fusão com a American Express, formando-se a Shearson Lehman Brothers American Express.

Em 1994 a American Express deixa a Lehman, formando-se novamente a Lehman Brothers Holdings Inc. Correram na altura rumores que a empresa seria adquirida novamente, mas sob a liderança de Richard Fuld S., a empresa proliferou. Em 2001 adquiriu a empresa PCS, Cowen & Co., e em 2003 reentrou no negócio da gestão de activos que tinha abandonado em 1989 começando com 2 biliões de dólares sob gestão. Então adquire a Cruzamentos Group, a divisão de renda fixa Lincoln Capital Management e a Neuberger Berman. A empresa foi crescendo e em pouco tempo passou de 230 trabalhadores para cerca de 28000 e mais de 600 biliões de dólares sob gestão.

Nos últimos tempos a empresa não escapou à crise do subprime. Em 2007 elimina 1200 trabalhadores em 23 localidades, justificada pela crise dos mercados hipotecários. Este seria o sinal que algo estava mal e que a sólida empresa estava a enfrentar problemas. Em 2008 com a crise do subprime a agudizar-se a Lehman foi perdendo gradualmente muito dinheiro e no segundo quarto fiscal registou prejuízos de mais de 2.8 biliões de dólares, sendo obrigada a vender mais de 6 biliões em activos. No primeiro semestre de 2008 as acções da Lehman perderam 73% do seu valor e em Agosto a empresa anunciou que cria libertar-se de 6% da sua força laboral. No entanto em 22 de Agosto de 2008 as coisas animaram um pouco com a noticia do interesse do Coreia Development Bank em comprar a empresa, mas isso não se viria a concretizar e a 9 de Setembro as suas acções perdem mais 44.9% e descem para os 7.79 dólares. A 10 de Setembro a empresa noticias a perda de 3.9 biliões de dólares e a 15 de Setembro anuncia a sua falência, que se traduz na maior da história da economia mundial. Foi Como se um sismo de intensidade máxima se tivesse abatido sobre os mercados internacionais.

E em traços gerais assim se pode contar a história de uma das maiores empresas mundiais, quarta no sector da banca de investimento e que com ela vai despejar para o mercado de trabalho milhares de trabalhadores altamente especializados, que numa altura de crise profunda como a que estamos a viver anão vão arranjar facilmente novas colocações. Vamos ver como reagem os mercados a esta falência e esperemos que não se sigam mais, pois se isso acontecer o sistema monetário internacional pode conhecer uma crise sem precedentes.

http://www.lehman.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Lehman_Brothers
http://www.lehmanbrothersbank.com/
http://online.wsj.com/quotes/main.html?symbol=LEH&type=djn
http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1013356
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=363278&visual=26&rss=0
http://diarioeconomico.com/edicion/diarioeconomico/internacional/empresas/pt/desarrollo/1160372.html
http://aeiou.visao.pt/Actualidade/Economia/Pages/LehmanBrothers.aspx
http://diario.iol.pt/economia/portugal-fmi-lehman-brothers-falencia-bancos-sistema-financeiro/991121-4058.html
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=1013660
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=1013455

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