quarta-feira, 20 de agosto de 2008

PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA NOS JOGOS OLÍMPICOS


Pois é, ainda não tinha escrito nada acerca dos jogos olímpicos, mas acho que chegou a altura de tecer algumas considerações, já que este é um dos temas em maior destaque na actualidade portuguesa. Não falei antes nem no inicio pois não gosto de fazer previsões nem antevisões, coisa que a maioria dos portugueses adora fazer, e depois como é óbvio as decepções são grandes. Mas a culpa não é só dos portugueses, mas sim daqueles responsáveis e de alguns atletas que colocaram a fasquia muito elevada, elevada de mais para as suas capacidades. Se eles não se conhecem, quem os conhecerá?


Muito se tem discutido nos últimos dias acerca do empenho que os portugueses têm tido nestes jogos, porque muito mais do que falarmos em medalhas e excelentes resultantes, devemos sim falar em honrar a camisola, em empenhamento total e sobretudo em fair-play, quer no momento da glória, quer na hora da derrota e da decepção.


Na minha opinião a fasquia foi colocada muito alto e muitos dos atletas sentiram esse facto, perturbando as suas prestações. Nós temos de ser conscientes das nossas capacidades e o Comité Olímpico Português não pode nunca dar-se ao luxo de contratar com o nosso Governo objectivos tão altos como fez. Eu penso que a única coisa que se deve contratar é o empenhamento. Não devemos falar antecipadamente de classificações e de medalhas. Penso que em próximos jogos já não se cometerá este tio de erros e espero que o Governo continue a apoiar os nossos atletas e continue a criar as condições de treino que faltam a Portugal para nos podermos bater de igual para igual com algumas das potências.


Portugal tem investido bastante na construção de centros de alto rendimento, mas este é um caminho que ainda está no inicio e que não deve parar. Não nos podemos esquecer que em relação a outros desportos, como é o caso do futebol, o atletismo e outras modalidades não são auto-sustentáveis, ou seja, não se conseguem encontrar patrocinadores que cubram todas as despesas de preparação e deslocação, logo é justo que o Governo dê essa ajuda, sem querer cobrar nada, mas o mínimo que se espera é empenho e dedicação.


Nota-se que alguns atletas têm falta de ambição e encararam a ida a Pequim como umas férias num local que dificilmente iriam visitar nos próximos anos. Sobretudo conhecer um local que deu uma volta de 360 graus para receber os jogos e que provavelmente após o seu términos volta a ter algumas das características anteriores, as de uma cidade muito mais fechada e extremamente poluída.


Um dos nossos bravos atletas teve a coragem de dizer em directo para uma televisão que as provas da parte da manhã são muito más para ele, que a manhã foi feita para estarmos na “caminha” e que ele gosta muito da 2caminha”, logo porque é que ele não ficou na “caminha”, de preferência em Portugal, poupando o dinheiro de uma viagem. Mas estou-me a lembrar de uma hipótese. Porque é que ele não solicitou ao Comité Olímpico levar para o estádio uma “caminha”. Podia ser que os seus lançamentos da “caminha” fossem bem melhores. Ou melhor ainda porque não criar uma nova modalidade, que poderia ser muito bem os 100 ou 200 metros de “caminha, ou provas de fundo de “caminha”, para poder aproveitar deitado mais tempo no estádio olímpico.


Nós não sabemos a conotação que o atleta pretendeu dar às suas palavras, mas coisas destas caem mal no seio da comitiva portuguesa. Caem mal em relação a os outros atletas e caem mal nos responsáveis que tudo fizeram para proporcionar aos atletas portugueses as melhores condições de treino ao longo destes 4 anos. Este atleta deveria ter um pouco mais de “tininho” naquela cabecinha e evitar este tipo de comentários em competições como os Jogos Olímpicos, sobretudo numa altura em que se criticava tanto a falta de empenho dos atletas portugueses.


Mas se um faz este tipo de comentário, temos outra atleta que diz que não está talhada para este tipo de competições, logo a conclusão é simples, se ela sabia que não estava talhada para a competição, porque é que se deslocou a Pequim? Leva-me a pensar que ela apenas quis fazer turismo e que aproveitou os jogos para isso.


Custa-me a pensar que um atleta faça este tipo de comentários, pois a competição é o sal dos atletas, é aquilo que lhes dá lento para continuar. Para quê tanto esforço nos treinos se não for para a lata competição, se não for para ganhar medalhas, se não for para ganhar notoriedade. Sinceramente, estes atletas com estes pensamentos deveriam ter ficado em casa. Se sentem que não vão dar o máximo nas competições é melhor darem o lugar a outro, porque de certeza que existe alguém empenhado que gostaria de participar nos jogos. O que não se toleram é comentários deste género. Toda a gente sabe o que são os Jogos Olímpicos e a competição que se desenvolve nestas duas semanas. Os atletas treinam uma vida para poderem estar nos jogos e darem o seu melhor, outros treinam uns anos para poderem chegar aos Jogos e dizerem que aquele não é o seu lugar, que as grande competições não são para eles. Dá que pensar.


Temos ainda outros que no final só se queixam dos árbitros. Até parece que estamos a assistir à nossa Superliga, tal foi a forma como se contestou os árbitros. Claro que estamos a falar da nossa vedeta do Judo. Não tenho dúvidas das capacidades dessa menina, mas as suas palavras não denotam humildade nenhuma nem o fair-play que é exigido. Ficava bem à senhora admitir que não deu o seu melhor e que foi eliminada justamente. Não lhe vale de nada queixar-se da arbitragem, pois dessa forma só aumenta a frustração sentida pelos portugueses.


Ela foi uma das que elevou um pouco de mais a fasquia e depois não teve capacidade de resposta. Os Jogos são uma competição muito motivadora, em que os atletas dão o seu máximo e no Judo podem acontecer enormes surpresas. Não vale nada chegar à prova de papo inchado a pensar-se que se é o melhor do mundo. Têm de demonstrar no tapete que são bons e foi ai que se viu a diferença da portuguesa para as outras atletas. Espero que a atleta mude um pouco o seu comportamento pois capacidades ela tem. Basta-lhe apenas ter um pouco mais de humildade e capacidade de sacrifício e não pode de maneira nenhuma deixar-se afectar pelas criticas que lhe estão a ser dirigidas. Ela deve aproveitar as críticas para crescer como pessoa e tornar-se uma melhor atleta.


Mas por outro lado temos alguns atletas que dão o seu melhor. Temos Avela que teve bons resultados e o Gustavo Lima esteve muito próximo de conseguir uma medalha. Foi pena ter anunciado que iria deixar a competição e a forma como o fez, deixando também algumas críticas. Não concordo com as criticas que ele deixou em relação à Vanessa Fernandes, pois de todos os atletas ela é a que de certeza não pode ouvir críticas. Ela é sem dúvida a atleta que mais se empenha e mais procura dar o máximo em todas as provas, por isso não se podem desculpar com o sucesso da Vanessa. A sua fórmula de sucesso assenta em muito trabalho e capacidade de superação, aliado a boas características físicas e psicológicas. Os outros podem ser como ela desde que para isso trabalhem devidamente e com afinco.


Não gostei de ouvir o Gustavo dizer que ela tem treinador e ele não. Mas ela consegue patrocínios para se sustentar não necessitando do dinheiro da federação, logo se ela ganha provas os sponsors interessam-se e apoiam-na. Os outros atletas devem ver nela um exemplo e todo o seu trabalho acaba por ter uma recompensa. Não me venham dizer que uns têm melhores condições de treino que outros. Todos os atletas do mesmo nível recebem os mesmos subsídios. As condições de treino são as do país, logo estão todos em pé de igualdade. Se uns conseguem atrair patrocinadores e outros não, problema dos que não conseguem. É óbvio que com mais dinheiro podem-se encontrar melhores alternativas de treino, mas isso depende das capacidades e dos resultados de cada um.


Resta-me dar os parabéns à Vanessa Fernandes pela sua atitude e dedicação, bem como a todos os atletas portugueses que deram o seu melhor e que não alinharam em provocações nem em comentários. Para além da Vanessa Fernandes temos o Emanuel Silva na canoagem, a Ana Hormigo no Judo, a Jessica Augusto no atletismo, entre outros que não vale a pena estar a citar os nomes. Houve atletas que conseguiram bons resultados e espero que esses resultados contribuam para que eles no futuro tenham mais alento e se superarem, tendo sempre em vista os Jogos de Londres em 2012. Vamos acabar com os comentários pois não nos podemos esquecer que ainda temos atletas em prova que necessitam de concentração. No final há sempre lugar para um balanço e tendo em conta as perspectivas e o contrato que foi assinado esse balanço não pode ser positivo, mas como esse contrato era arrojado de mais e não revelava as verdadeiras capacidades dos nossos atletas, só temos de estar contentes com aquilo que foi conseguido e para a próxima procurar fazer melhor, sem confusões.

http://www.tvi.iol.pt/informacao/noticia.php?id=983062
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Ol%C3%ADmpicos
http://www.comiteolimpicoportugal.pt/
http://www.pequim2008.com.pt/
http://olimpicos.sapo.pt/
http://olimpicos2008.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1339386
http://en.beijing2008.cn/
http://www.olympic.org/uk/index_uk.asp
http://www.google.pt/ig?hl=pt-PT&referrer=ign_n
http://www.reuters.com/news/sports/2008olympics
http://www.london2012.com/

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