Na última edição do jornal Expresso vem um artigo muito interessante acerca de casas atribuídas em Lisboa pela Câmara Municipal, cujos critérios são difíceis de entender e em que as rendas são no mínimo ridículas e caricatas, tal é o pouco valor que é cobrado aos inquilinos. E não estamos a falar de habitações sociais nem de bairros sociais, mas sim de habitações que a autarquia tem espalhadas um pouco por toda a cidade. Ou melhor, a autarquia nem sabe muito bem aquilo que tem e então o controlo ainda se torna mais difícil, logo aquele que se lembrar que a autarquia até é dona de uma casa e lhe propuser alugá-la, se calhar tem sorte e acaba por ficar com ele, ou se tiver um amigo que conheça alguém da Câmara talvez ainda tenha um pouco mais de sorte. Mas se trabalhar na autarquia ai é que lhe sai o Euromilhões e de certeza que consegue uma casinha.
Toda a gente sabe da falta de liquidez das finanças da capital, mas o que ninguém sabia, ou apenas alguns sabiam, era que a autarquia possui inúmeras casas espalhadas pela capital passíveis de serem alugadas à comunidade. Essas casas resultam de acordos com construtoras relativos à cedência de terrenos, resultam de edifícios da própria câmara e raramente são construções efectuadas pela Câmara. Mas isso não interessas, pois a partir do momento em são da Câmara, passam a ser de todos os Lisboetas, pelo que o controlo sobre essas casas deve ser apertado e deverá ser facilitado o seu arrendamento a quem quer que seja, independentemente das suas crenças, políticas, credos, etnia.
O que transparece para o público é que a existência das casas é do conhecimento de todos, mas ninguém se preocupa muito com elas, nem em distribui-las uniformemente. Dizem que a sua atribuição sempre foi feita ao acaso e segundo critérios que ninguém sabe muito bem quais são, ou seja, que dependem de quem está na Câmara. E dizem que isto acontece ao longo dos anos, não dependendo de quem está no poder. Quem por lá passa adapta-se a este esquema e faz o que pode para atribuir uma casinha a quem bem desejar. São os directores de departamento que recebem casas, as chefes de gabinete, os motoristas, responsáveis da segurança social, escritores, entre outros. Como se pode ver não existe aqui uma linha condutora, Quem pede pode ter sorte, sobretudo se conhecer alguém lá para as bandas da Praça do Município.
Segundo o Expresso este é um caso que está sob investigação da polícia judiciária e a qualquer momento poderão existir desenvolvimentos interessantes. Mas entretanto já me passou pela cabeça uma mudançazinha para a capital e tentar a sorte de obter uma casa por uma renda baratinha. O meu problema é que não conheço ninguém na Câmara. Mas pode ser que tenham pena de mim e me deixem ficar num dos imóveis, que ascendem a mais de 1000, constituindo no seu total mais de 3000 fracções de habitação, cujo valor médio de arrendamento ronda os 35 euros mensais, ou seja, valores muito abaixo dos preços praticados na Capital. Mas mesmo que a Câmara optasse por uma política de preços reduzidos, consoante os rendimentos de cada inquilino e procurando obedecer a critérios sociais, poderia obter bastante mais dinheiro. Se fizermos umas contas rápidas, 3246 fracções de habitação a uma média de 35 euros dá por mês qualquer coisa como 113610 euros, o que para a Câmara de Lisboa é uma pequena gota num imenso Oceano de dívidas. Ora se a média do arrendamento fosse de 100 euros mensais, o que não é nada de especial e é ainda muito em conta, o valor mensal subia para 340830, o que é um valor já mais aceitável e ao mesmo tempo justo. Mas como a Câmara não deve precisar de dinheiro pode muito bem continuar com a sua política de rendas que os inquilinos agradecem.
Vamos ver o que é que isto vai dar. De certeza que nada, mas pelo menos os Lisboetas ficam a saber como arranjar casas a preços convidativos.
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/3a0e8595fab122499d81bf.html
http://dn.sapo.pt/2008/09/28/editorial/e_tempo_transparencia_camara_lisboa.html
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1344394&idCanal=59
http://diario.iol.pt/sociedade/cml-lisboa-casas-rendas-lisboagate-antonio-costa/996739-4071.html
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1019696
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/politica/pt/desarrollo/1170306.html
http://www.cm-lisboa.pt/
http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/3a0e8595fab122499d81bf.html
http://dn.sapo.pt/2008/09/28/editorial/e_tempo_transparencia_camara_lisboa.html
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1344394&idCanal=59
http://diario.iol.pt/sociedade/cml-lisboa-casas-rendas-lisboagate-antonio-costa/996739-4071.html
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1019696
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/politica/pt/desarrollo/1170306.html
http://www.cm-lisboa.pt/
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