segunda-feira, 16 de junho de 2008

MENOS SENHOR SCOLARI


Prometi a mim mesmo não criticar a selecção nacional e os seus membros, mas os acontecimentos dos últimos dias merecem alguns comentários.

Em primeiro lugar o timing do anúncio da ida do senhor Scolari para o Chelsea. Considero que não foi oportuno e que veio perturbar a estabilidade do grupo de trabalho. Foi uma decisão que me surpreendeu, não pelo facto da sua saída de Portugal, mas pelo facto de o seu anúncio contrariar tudo aquilo que o senhor Scolari costuma dizer e que passa por total concentração nos trabalhos da selecção e que enquanto se está na selecção só se fala na selecção e não se pensa noutras coisas. Ora isto veio contrariar tudo isso e apanhou muita gente de surpresa naquele grupo de trabalho.
Ninguém é eterno e toda a gente esperava que esta situação pudesse acontecer, já que já lá vão 5 anos de vínculo. O que me espanta é que essas coisas já não tivessem sido tratadas antes do campeonato europeu se iniciar. Por exemplo já sabemos que o seleccionador da Holanda não vai continuar após o Europeu. Já há bastante tempo que se sabe isso e essa decisão não parece estar a afectar o grupo de trabalho.

Penso que pelo menos os jogadores da selecção já deveriam saber desde o inicio da concentração para este Europeu que o seleccionador provavelmente não iria permanecer após o campeonato terminar. Era a forma mais lógica e sensata de abordar a competição, mantendo a grupo unido e motivado. Estamos num campeonato da Europa e é mau que a concentração das pessoas esteja mais dirigida aos euros que podem ganhar do que aos jogos que podem ganhar. O dinheiro é importante, mas são discussões que devem ficar para quando se está livre, sem um grande objectivo pela frente. Uma nota profundamente negativa para o seleccionar português do Brasil e só espero que a equipa reaja bem e que na quinta-feira dê mostras de todo o seu potencial.

Outro aspecto é o facto de o seleccionador ter autorizado o jogador Deco a ausentar-se dos trabalhos da selecção para tratar de assuntos pessoais, que ninguém tem nada a ver, mas que podem estar relacionados com uma eventual transferência para o Chelsea, o que é incorrecto e não deveria acontecer durante a concentração da selecção. Qualquer dia todos os jogadores vão a casa tratar de novos contratos, pois as excepções são para todos e não apenas para jogadores que podem assinar pelo Chelsea. Uma coisa é certa, se o seleccionador tratou do seu futuro é injusto e imoral estar a pedir aos jogadores para não o fazerem, mas ao menos que o façam na Suíça e que não se ausentem para fazer sabe-se lá o quê. Fica mal à Selecção nacional esse tipo de coisas, pois não nos esqueçamos que representa um país, para o bem e para o mal.

Por último tenho de referir a prestação da equipa no jogo com a Suíça, que foi péssima e reveladora de uma tremenda falta de motivação. Viu-se que aquele segundo onze não se encontra motivado e que jogadores nos quais eu depositava enorme esperança como o Veloso, Quaresma e Nani, mostraram porque estão no banco de suplentes. E agora se vê a falta que o Maniche faz, mas isso não vale a pena lamentar pois ele ficou em casa e não pode ajudar a equipa.

Portugal fez um jogo muito aquém das suas possibilidades e o que se viu em banco foi um bando de jogadores em ordem e sem batuta. Faltava alguém que coordenasse a equipa e que a levasse em frente. Independentemente dos jogadores que entram em campo estes devem dar o seu melhor e mostrarem empenhamento, coisa que eu não vi em muitos deles.

E não vale a pena as queixas em relação à arbitragem, típicas dos portugueses e que já me admirava que ainda não tivessem acontecido. Não nos devemos lamentar com os árbitros porque se nós jogássemos bem e fizéssemos golos, mesmo que o árbitro fizesse muita porcaria, de certeza que tínhamos ganho o jogo, mas como não marcamos golos e pouco fizemos para isso, a derrota foi merecida e inevitável.

Temos de erguer a cabeça, esquecer este jogo e pensar que o próximo representa o tudo ou nada, a fronteira entre a glória e a derrota, entre a consagração e o descrédito. Temos uma geração de excelentes jogadores e já é hora de Portugal mostrar ao mundo o seu futebol. Força Portugal.

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