sexta-feira, 25 de abril de 2008

UM ESTADO MECENAS DESPORTIVO

Ora muito bem, hoje fiquei a saber que o nosso estimado Estado, do qual a figura do nosso primeiro-ministro é a mais querida e badalada, é também um mecenas desportivo, mas não um mecenas daqueles que precisam, mas sim apoiante das elites e dos luxos da burguesia. Não sabia disso e estou bastante escandalizado quando vem uma noticia num jornal que diz que em 2006 o Estado pagou quase 2 milhões de euros para manter o português Tiago Monteiro na elite mundial, a da indústria da Fórmula 1, que como todos sabemos não é para pobrezinhos, não é para indivíduos com excelentes capacidades físicas, mas que é para meninos com algum poder económico, que não mais têm nada para fazer ao dinheiro e divertem-se a fazer umas corridinhas, para passar o tempo e com isto derreterem algumas centenas de milhares de euros. Com o facto de eles estragarem dinheiro deles não me importo nada, porque o dinheiro é para ser gasto, mas ao estarem a mexer nos bolsos de todos os portugueses ai é de ficar muito chateado.

É muito triste, sobretudo para aquelas centenas de desportistas que fazem grandes sacrifícios para poderem treinar e levar bem alto o nome de Portugal, em competições em que estão não porque têm dinheiro, mas porque são os melhores, porque têm excelentes capacidades físicas e porque gostam de representar o seu país. Esses atletas, onde posso incluir os nossos paraolimpicos têm grandes dificuldades em obter os apoios do Estado, com este sempre a dizer que não existem verbas suficientes, que não dá para apoiar todos, que têm de seleccionar apenas alguns. Vêm sempre com esta conversa da treta e depois gastam dois milhões de uma assentada num só indivíduo, que não considero atleta, mas sim um simples automobilista, com gostos um bocado extravagantes. Não tenho nada contra o desporto automóvel e até gosto bastante de ralis, mas acho que o Estado não pode patrocinar pilotos, acho que estes têm que se auto-financiar ou arranjarem mecenas privados, pois em relação a outros atletas este benefício foi astronómico e daria para ajudar diariamente algumas centenas de outros desportistas. Não quero com isto dizer que o Estado não deve apoiar o desporto automóvel, digo apenas que deve apoiar provas e que deve ajudar nas infra-estruturas, mas nunca financiar um determinado piloto.

O estado tem o dever de ser equitativo em relação a todos os portugueses e aqui incluo também os desportistas. E o que se passou foi tratar os portugueses de forma desigual, pois para uns existe dinheiro e para outros não. Devemos apoiar todos da mesma maneira e n mesma ordem de grandeza. O que se passou é sem duvida um grande golpe na moral de muitos atletas, que passam por inúmeras dificuldades para conseguirem treinar, de forma a terem boas prestações e muitos deles não recebem nada do Estado.

É que para além de ser uma quantia exorbitante, que choca qualquer um, sobretudo aqueles que conhecem bem as dificuldades que se vivem no país, é dado de uma forma displicente e sem ninguém saber de nada. Assim se vão conhecendo as carecas deste governo e para onde vai o dinheiro, pois da mesma maneira que patrocinaram o Tiago Monteiro, quem nos garante que não apoiaram os grandes clubes portugueses ou outros pseudo-desportistas, que pagam para participar numa prova e não participam nela por mérito, porque o conquistaram. O Tiago Monteiro que me desculpe, mas a Fórmula 1 é um desporto de elite, de muitos milhões e ou se tem muito dinheiro ou não se entra. Se ele que entrar tem de fazer por isso e tem de se desenrascar sozinho. Não pode querer que o governo o ajude, pois para isso tem de ajudar os outros portugueses a concretizarem os seus pequenos caprichos. Temos de rever muito bem este tipo de políticas e pensar muito bem quem se deve apoiar e como se deve apoiar. Faço um apelo para se criarem boas condições para a prática desportiva, uma vez que assim para além de se apoiarem todos aqueles que querem competir ao mais alto nível, também estamos a estimular e a apoiar todos os outros portugueses, que apenas querem fazer algum exercício, que apenas querem ter uma vida um pouco mais saudável e que muitas vezes não têm as condições mínimas para o fazerem, por incapacidade do estado em possuir e lhes proporcionar bons e bastantes equipamentos.

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