Já se iniciou no passado sábado pelas 00h mais uma queima das fitas, que teve na serenata monumental a sua sessão de abertura. Muito se tem falado acerca das mudanças que se têm verificado em Coimbra no que respeita às tradições académicas, uma vez que a serenata que normalmente se verificava às 00h de sexta passou para as 00h de sábado, na noite da serenata não havia diversão no parque e agora já há, deixando de existir os tradicionais convívios nas faculdades e no átrio das químicas e para culminar o cortejo dos quartanistas passou de terça-feira para o domingo.
Eu sou um fervoroso apoiante da vida académica, das tradições e da sua adesão pelos estudantes. Já tenho uma licenciatura que vivi ao máximo, desfrutando de tudo o que podia desfrutar e neste momento estou a efectuar a minha segunda licenciatura, agora mestrado integrado, estando um pouco mais afastado da vida académica porque agora já trabalho, mas continuo a ser um adepto das tunas (fiz parte de uma), do convívio, das antigas e deslumbrantes tradições coimbrãs, mas o que eu assisto é a um abandonar da tradição, que começa nos dirigentes e que acaba nos caloiros.
Uma das coisas que eu noto actualmente é que as pessoas chegam à academia e não se interessam por ela, não se interessam pelas tunas, pelos grupos etnográficos, pelos núcleos, pelo desporto, não ligam a nada dessas coisas e o que se vê é que cada vez menos estudantes enveredam por esse espírito e sobretudo que o façam por gosto e dedicação. Muitos acabam por fazê-lo por interesse e por algumas regalias que daí possam retirar. No meu primeiro ano de caloiro, em 2001, a primeira coisa que eu fiz foi perguntar se no meu local de ensino existia uma tuna e no primeiro ensaio dessa tuna eu estava presente e comecei desde logo a fazer parte dela. Actualmente as pessoas chegam a Coimbra sem vontade de aprenderem, sem vontade de conviverem e de viverem a coisas boas da vida de estudante. Não se esqueçam que estes são os melhores anos da nossa vida, em que as responsabilidades ainda são poucas, em que vivemos da mesada dos nossos pais (a maioria) e em que podemos cometer alguns excessos. Quando entramos no mercado de trabalho e quisermos constituir uma família, este tipo de vida acaba e outra terá de emergir, pelo que apelo a que todos os estudantes aproveitem estes anos e se divirtam.
Claro está que se devem divertir, mas com moderação e aproveito para apelar também a uma moderação no consumo do álcool, do tabaco e das drogas, pois como estamos em plena época de folia convém sempre relembrar estas coisas. Eu também bebia uns copos nestas festas e não critico isso, fico apenas triste por as pessoas abusarem, já que se podem divertir muito mais se beberem moderadamente. E para além do álcool temos as drogas, que devem ser evitadas, pois hoje é em dia de festa, mas amanhã a festa pode ser diária e isso é que preocupa. O último conselho vai para as doenças sexualmente transmissíveis e para as gravidezes indesejadas, pelo que o uso de preservativo é de extrema importância. É uma época de desinibição, de encontros fortuitos e inesperados, em que o preservativo é o melhor amigo, quer para evitar uma doença desagradável, quer para impedir uma possível gravidez.
Mas eu estava a falar de tradições e que estas já não são o que eram. Coimbra está a passar por uma crise na praxe e para animar a festa introduzem mudanças fulcrais na queima das fitas. Com Bolonha a estrutura dos cursos mudou e temos segundanistas nos carros. Custa-me assistir a isto, dado que para mim o cortejo deve ser vivido na fase final da vida académica e não logo no inicio. Pensem bem no que estão a fazer a Coimbra. Vamos pensar nestas coisas e tentar chegar a um consenso. Vamos ver como correm as coisas este ano e se correrem bem vou ter de me habituar, mas tenho muita pena que as coisas se tenham alterado e parece-me que não mais se vão inverter.
Uma palavra final de desagrado para com a Associação Académica de Coimbra e a Comissão Central da Queima das Fitas, pelo facto de não gostar de apoiar o mundo tunante da cidade, bem como os restantes grupos culturais. Digo isto porque não sei se vai haver Sarau este ano, se vai haver não sei datas, nem local e não encontro essa informação. Ou está escondida ou eu não sei procurar. E também pelo facto de não divulgarem o Festival Internacional de Tunas da Queima das Fitas e de não lhe darem o espaço que ele merece. Há pessoas que gostam de tunas e que não são informadas acerca dos espectáculos, dos locais e das horas. Todos aqueles que tocam, cantam ou exercem alguma actividade cultural na academia merecem mais respeito e mais apoios e não é isso que se passa em Coimbra. A nossa associação só se preocupa com carrinhos e não financia estes grupos com boas instalações para ensaios, com subsídios para instrumentos, e mais não digo deixando o resto para uma próxima oportunidade.
SAUDAÇÕES TUNANTES
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